Motivos não faltam para conhecer Kanazawa. Conhecida pelo charme tradicional, a capital da província de Ishikawa conserva muitas estruturas antigas pois, assim como Kyoto, foi poupada dos bombardeios da Segunda Guerra Mundial. Além disso, é uma referência para quem ama arquitetura contemporânea e é conhecida pelo frescor de seus frutos do mar. A 300 quilômetros de Tóquio, Kanazawa não decepciona nenhum visitante.
Na minha visita de dois dias, consegui conhecer com calma praticamente todos os pontos mais turísticos e ainda tive tempo de me perder sem rumo pelas ruelas encantadoras da cidade.
Aqui vão meus destaques:
Higashi Chaya Machi
Acho que é uma das áreas mais charmosas de Kanazawa. ” Chaya”, literalmente “casa de chá”, era onde as gueixas costumavam se apresentar durante o período Edo. Ainda hoje é possível assistir a uma performance dessas figuras icônicas da cultura japonesa na tradicional casa Kaikaro, que promove eventos em inglês voltados a turistas.
Eu fiquei satisfeita só de passear pelas ruelas e parar em algum lugar para tomar um matchá acompanhado de wagashi, doce japonês que pode ser preparado com ingredientes diversos, que variam, geralmente, de acordo com a estação. Essa dupla é oferecida por várias casas da região e custa em torno de 750 ienes.
Outra atração do distrito é a loja Hakuza Gold Leaf Store, que vende vários tipos de artigos cobertos com folha de ouro, chamadas de kinpaku. Mais de 90% da produção das finíssimas folhas que decoram bandejas, tecidos e outros artesanatos japoneses é feita em Kanazawa. Dentro da loja, há uma sala de chá recoberta inteiramente por ouro – a cara da riqueza. Quem se interessar pelo assunto, pode dar um pulo no Kanazawa Gold Leaf Museum, que fica ali pertinho, e assistir a esse vídeo incrível da série Great Big Story.
As casas dessa área fecham no fim da tarde, entre 17h e 18h.
Kazuemachi
Outro distrito de antigas casas de chá, menos conhecido e menos turístico que Higashi Chaya Machi – mas nem por isso menos charmoso. Passeei por aqui à noite, quando a iluminação das fachadas das casas se mesclavam à iluminação do rio Asano, criando um visual de outra era.
Não se prenda só à via principal, às margens do rio. As ruelas internas, paralelas ao rio, formam um labirinto de casinhas que hoje são restaurantes, bares, cafés e galerias.
21st Century Museum
Obras de artistas como Anish Kapoor, Olafur Eliasson e James Turrell (que AMO desde que fui para Naoshima) podem ser apreciadas neste museu projetado pelo prestigiado escritório japonês SANAA. Ganhadores do Prêmio Pritzker 2010, os arquitetos Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa desenharam uma construção em formato circular, sem frente ou fundo, podendo ser explorada por todas as direções.
Uma das maiores atrações do museu é a piscina falsa do artista argentino Leandro Erlich, que adora brincar com ilusões.
Quando fui, além da piscina e das obras externas, pude ver um trabalho do coletivo Chim↑Pom e de outros artistas japoneses contemporâneos.
D.T. Suzuki Museum
Pertinho do 21st Century Museum fica este museu que não é muito explorado – o que é uma pena! Construído em homenagem ao filósofo zen Suzuki Daisetsu Kan, conhecido no exterior como D.T. Suzuki, sua arquitetura abraça a missão de transmitir valores da filosofia zen aos visitantes. Passar algum tempo no espaço contemplativo, apreciando o espelho d’água, é um convite à meditação.
Castelo de Kanazawa
O castelo que pertencia ao clã Maeda, um dos mais poderosos do Japão no Período Edo, passou por diversos incêndios e processos de reconstrução. O castelo é cercado por um parque, que dá acesso a um belo jardim: o Gyokuseninmaru Garden.
Dando vista para o castelo, tem um espaço de repouso com café que achei bem lindo.
Kenrokuen – jardim japonês
Considerado um dos jardins japoneses mais belos, o Kenrokuen é certamente um lugar que você deve conhecer na cidade. Antigamente, era o jardim do Castelo de Kanazawa e é por isso que um fica de frente para o outro.
Na rua que dá acesso a Katsurazaka Gate, uma das entradas do jardim, há muitas opções de restaurantes e lojas em construções de madeira que são puro charme.
Omicho Market
Para quem curte um mercadão, esse é o lugar. O Omicho Market é um mercado bem antigo de comida frescas e tem mais de 200 estandes. É bastante movimentado pela manhã e também na hora do almoço, quando os visitantes formam filas para comer um peixe fresquinho nos restaurantes do mercado.
Cool Kanazawa
Nem só de tradição e arquitetura contemporânea que vive Kanazawa. Ali também rola uma cena super cool de criadores, cervejarias, arte e lojinhas bacanas. Um exemplo é o hostel Hatchi, que sempre promove eventos com artistas, como workshops e exposições.
Perto de onde eu me hospedei, que era na área do Hatchi, tinha também essa cervejaria, a Oriental Brewing. Depois de passar um dia me esbaldando com os frutos do mar locais, sentei nesse lugar para tomar uma cerveja e comer uma pizza. Não me arrependi!
Informações práticas
Como chegar em Kanazawa saindo de Tóquio?
Tem um shinkansen (trem-bala) que sai de Tokyo Station e chega em Kanazawa Station em 2.5 horas. É bom lembrar que os vagões desse trem são todos de “reserved seats”, então, se você estiver com o JR Pass, é necessário emitir os bilhetes com antecedência. Se estiver na dúvida, dá uma lida neste post em que eu dou todas as dicas sobre o passe da JR.
Para consultar os horários do trem, dá uma olhada no site Japan Travel by Navitime.
Quantas noites ficar em Kanazawa?
Recomento dormir pelo menos duas noites para ter, pelo menos 1,5 dia (descontando o tempo de deslocamento na manhã do primeiro dia).
Kanazawa se tornou uma das minhas cidades preferidas no Japão – a ponto de até cogitar morar lá por um tempo. Se quiser ler uma das minhas histórias mais especiais por lá, confere este post.
Se você está planejando sua viagem pelo Japão e quer mais dicas de experiências, cidades e orientações práticas, dá uma olhada no meu serviço de consultoria de viagem 😉