Como foi a minha hospedagem no hotel de um dos mosteiros zen budistas mais importantes do Japão

 

No último inverno, tive uma experiência diferente de hospedagem quando fui conhecer o mosteiro Eiheiji, na província de Fukui. Passei duas noites no Hakujukan, um hotel que é fruto de uma colaboração entre o próprio mosteiro, a província de Fukui e a cidade de Eiheiji, como parte do projeto de revitalização da área. 

O hotel, que fica a poucos metros da entrada do templo, lembra um ryokan com influências ocidentais, com quartos com área em tatami, jogo de chá e camas com colchão; banho comunal (separados para homens e mulheres); e refeições deliciosas inclusas. 

Área do banho comunal para mulheres

Concierge zen

A diferença para um hotel convencional é que as atividades oferecidas pelo Hakujukan estão diretamente ligadas ao templo. Como parte da programação opcional, os hóspedes podem participar de sessões de zazen, a prática da meditação sentada, ou assistir a uma cerimônia matinal de entoação de sutras, seguido de um tour guiado pelas dependências do Eiheiji. Recomendo as duas experiências, principalmente o serviço matinal. Se quiser saber mais detalhes, relato a minha experiência neste post. As atividades, que, normalmente, são cobradas quando solicitadas diretamente no mosteiro, estão inclusas no valor das diárias e são reservadas pelo próprio staff do hotel, o que é bem prático.

Encantada com o visual da entrada do hotel Hakujukan!

 

Shojin ryori, a comida preparada nos templos budistas 

Além disso, o restaurante conta com a supervisão de chefs treinados pelos monges do Eiheiji no preparo das refeições vegetarianas seguindo o estilo shojin ryori, um tipo de culinária que teve origem nos templos budistas do Japão. O banquete servido no café da manhã do Hakujukan é nesse estilo, preparado com legumes sazonais da região. O tofu cozido na mesa, para mim, foi o destaque! 

Esses são alguns dos acompanhamentos das refeições algas, tofu, conservas

No jantar, tivemos a possibilidade de escolher entre comida também do estilo shojin ou refeições com carne, que acabou sendo a nossa opção para dar uma diversificada. 

No sukiyaki, a carne é cozida num caldo levemente adocidado e, após o cozimento, podemos mergulhar a fatias e os legumes no ovo cru batido, como um dip

Na primeira noite tivemos como prato principal sukiyaki e, na segunda, shabu-shabu – ambas especialidades com finas fatias de carne que são cozidas na própria mesa, junto de muitos legumes como acompanhamentos. O jantar foi servido em várias etapas, contemplando também sashimi, tempura, peixe grelhado, sopa, arroz e outras delícias. É bastante comida! No final, quando serviram o arroz, já estávamos quase satisfeitos. Mas uma coisa muito legal que esse e outros restaurantes no Japão fazem é oferecer de fazer onigiri, bolinhos de arroz, com o que sobrar para levarmos para casa – ou, no caso, para o quarto. O bom é que virou nosso lanchinho no dia seguinte.

A apresentação dos pratos é impecável

 

Um alerta: se você não abre mão de um tradicional pãozinho com manteiga de manhã ou se não é muito fã de experimentar comidas novas, talvez esta experiência não seja para você! Nas refeições, podem servir tofu, conservas, pratinhos com algas e outros ingredientes que, muitas vezes, acabam sendo deixados de lado pelos turistas. No Japão, de uma forma geral, não é bem visto deixar comida no prato. É um grande desperdício, ou, como dizem em japonês, mottainai. Deixar comida no prato de um local ligado a um templo budista, então, seria um desrespeito maior ainda.

 

Informações gerais

Hotel Hakujukan

Como chegar no hotel

  • Saindo de Tóquio, pegar o shinkansen até a estação de Fukui (cerca de 3h, ~¥15,000). Da própria estação, partem ônibus até o templo Eiheiji (¥750, 30 minutos, pagamento na hora, aceita dinheiro ou IC Card).