Quando estava planejando a minha primeira viagem pelo Japão, na companhia da minha irmã e do meu cunhado, meu pai recomendou que visitássemos Takayama, cidade onde nasceu a minha avó (que não cheguei a conhecer). E foi assim, por causa dos vínculos familiares, que descobri essa cidade incrível, cheia de história, tradição e charme.
Como seu próprio nome indica (taka 高: alto, yama 山: montanha), Takayama fica numa região montanhosa no norte da província de Gifu, a 300km de Tóquio. Por causa da altitude e do relativo isolamento geográfico, a cidade desenvolveu artes e tradições próprias durante o xogunato Tokugawa, entre os séculos XVII e XIX. Entre eles, estão o trabalho com carpintaria e produção de saquê, que vemos presentes até hoje. Passeando por suas ruas encantadoras e vendo as construções em madeira típicas do período Edo, fazemos uma volta ao Japão feudal.
Para se diferenciar de cidades de mesmo nome, é também chamada de Hida-Takayama. E é de lá que vem o Hida beef, carne nobre que rivaliza com o famoso Kobe beef.
No quesito gastronômico, Takayama torna-se ainda mais especial por causa das diversas ofertas de saquês produzidos na região. O clima mais ameno e as águas cristalinas que correm pelas montanhas compõem o cenário ideal para a fabricação da bebida.
Muitos fabricantes estão localizados na rua Sanmachi, a mais conhecida da cidade. É muito fácil avistá-los de longe: suas fachadas são sinalizadas com barris de saquê, chamados de sakadaru, ou com os sugidama, bolas feitas de galhos de cedro. Se o sugidama for verde, é sinal de que o saquê acabou de ser produzido, indicando o início da temporada anual de fabricação da bebida.
Se a bola de galhos for marrom significa que o saquê já está mais maduro.
Alguns produtores abrem suas portas para degustações gratuitas ou cobradas apenas com uma taxa simbólica (consulte a relação aqui).
Outros atrativos de Takayama são os onsen (águas termais), e os templos. O clima da cidade é tão incrível que, com todas essas referências de costumes de tradições japoneses, ela é conhecida carinhosamente como Pequena Kyoto <3.
Por ser realmente pequena, é possível explorá-la a pé ou de bicicleta, em um ou dois dias. Ou, para aqueles que quiserem desfrutar de tudo com mais tranquilidade, a combinação onsen + comida gostosa + saquês deliciosos + natureza exuberante + serenidade dos templos é realmente bastante convidativa para uma esticada na estadia 😉
Como chegar: saindo de Tóquio, tem a opção de ir de ônibus (5h30) ou de trem, baldeando em Nagoya (4h30). Todos os detalhes estão aqui.
Outras cidades interessantes nas proximidades: Kamikochi (AMO esse vilarejo, um dos lugares mais lindos que visitei no Japão), Shirakawa-go, Magome e Tsumago (onde conheci o simpático Suzuki-san)