Os japoneses têm uma tradição bem interessante para dar boas-vindas ao novo ano que se aproxima: nos últimos dias de dezembro, dedicam-se ao ōsōji (大掃除), “a grande limpeza”. É hora de pôr luvas de borracha, pegar o esfregão e fazer uma bela faxina em casa. Portas, vidros, banheiros, pisos, armários – nada escapa!
A importância da limpeza na cultura japonesa tem origens no xintoísmo, uma das bases religiosas do país. Rituais de purificação estão sempre associados à limpeza tanto da mente, quanto do corpo e do ambiente. Daí vem também a relevância do banho para os japoneses – hora sagrada de lavar o corpo e o purificar o espírito. E como não lembrar daquelas cenas em que recolhem o lixo dos estádios brasileiros durante a Copa do Mundo de 2014? Para os japoneses, limpeza e beleza são dois conceitos indissociáveis. Prova disso é que a palavra kirei significa bonito(a) e, também, limpo(a).
A grande faxina prepara a casa para receber os toshigami, as divindades que trazem sorte e boas energias no ano-novo. Energia, aliás, é um ponto crucial desse ritual. Jogar no lixo as coisas que não prestam ou dar um destino apropriado aos pertences que estão sem uso é essencial para fazer a energia circular.
Segundo as crenças xintoístas, cada ser possui uma alma, um espírito – até mesmo os inanimados. Se o objeto não está cumprindo sua função e fica encostado no fundo da gaveta, sua energia fica parada. No folclore japonês, existem até personagens que alertam para este tipo de desperdício: o kasa obake, também chamado de karakasa, é um guarda-chuva que se transforma num monstro após passar 100 anos sem uso.
Então que tal adotarmos essa tradição, deixar tudo limpinho e ainda separar aquilo que não nos serve mais mas que pode ser útil a outras pessoas? 😉
Desejo a todos vocês, queridos leitores, um ano novo de leveza, de energias renovadas e de muitas conquistas! Muito obrigada por me acompanharem!