Maravilhoso é pouco pra descrever o trabalho de Rinko Kawauchi. Nascida em 1972, a fotógrafa japonesa é um dos nomes mais consagrados de sua geração.
Quem me indicou o trabalho da artista foi a Cassiana Der Haroutiounian, fotógrafa e editora de foto da revista Serafina, autora das minhas fotos de perfil (<3). Em suas palavras:
Rinko é como o cantar de um pássaro e um amanhecer, com a luz suave, brilhante, difusa. Seus olhos percebem a delicadeza, captam o dia-a-dia com tamanha fluidez exata, compartilham das sensações sem dar nome a elas. – Cassiana Der Haroutiounian
Ela aborda temas simples, corriqueiros e até banais. Mas o faz com um olhar tão único e belo, que seu trabalho chega a ser definido como “haiku visual”. Haiku (chamado de haicai em português) é uma forma de poesia japonesa, caracterizada por 3 versos curtos que expressam um momento de contemplação da natureza.
Durante um interessante jogo de palavras que a Cassi propôs à Rinko (sim, a gente chama ela de Rinko, como se fôssemos íntimas!) durante uma entrevista feita para o blog Entretempos, descobrimos que seus conterrâneos Hirokazu Koreeda (tema desse post, sobre o filme “Nossa Irmã Mais Nova”) e Banana Yoshimoto são suas indicações no cinema e na literatura, respectivamente.
Assim como a fotógrafa, tanto o cineasta quanto a escritora demonstram uma grande sensibilidade em seus trabalhos, mesmo abordando temas mais pesados, sempre atentos às influências das luzes, dos brancos e das cores. Juntos com a cineasta Naomi Kawase (também uma indicação da Cassi), acho que o quarteto forma um belo time do que acontece no cenário contemporâneo japonês. Ficam aqui as dicas 😉
Hirokazu Koreeda – cineasta
“Ninguém pode saber” (2004): drama pesado sobre 4 crianças que são abandonadas pela mãe, inspirado numa história real que aconteceu no Japão no final dos anos 80. A responsabilidade toda recai sobre o filho mais velho, de apenas 12 anos, interpretado por Yuya Yagira. O adolescente, na época com 14 anos, ganhou o prêmio de melhor ator em Cannes em 2004.
“Pais e Filhos” (2013): um drama sensível e delicado que também aborda relações familiares. Dois bebês são trocados na maternidade e o hospital só descobre o erro depois de 6 anos. Koreeda dirige esses garotos de uma forma tão linda que você vai ficar com vontade de adotá-los, juro.
Naomi Kawase – cineasta
“O Segredo das Águas” (2014): uma história delicada, que conta o amadurecimento de um casal de adolescentes, em paisagens deslumbrantes. A fotografia desse filme é lindíssima – daquelas de pegar qualquer frame e colocar na parede de casa.
“Sabor da Vida” (2015): já comentei sobre esse filme no instagram (@peachnojapao) pois ele me fez amar dorayaki, um doce tradicional japonês. Ele dá lições de delicadeza e de como cozinhar com o coração, usando um ingrediente especial para os japoneses: a pasta de feijão azuki.
Banana Yoshimoto – escritora
“Tsugumi“: fala da relação entre a narradora e sua prima, Tsugumi, que tem um gênio forte, mas, ao mesmo tempo, um carisma encantador. A história se passa nas férias de verão no litoral japonês e é recheada de descrições sobre os rastros deixados pelos raios de sol, as cores e outras nuances sensoriais. Essa leitura me fez despertar sentimentos fortíssimos de natsukashii…