Quando era criança, época em que as únicas referências japonesas na mídia eram o Jaspion e o Changeman, eu queria me livrar dos olhos puxados e do título de “japinha da classe”. Na adolescência, minha relação com as minhas origens não era muito diferente. Não me reconhecia na estética do mangá e tinha um biotipo bem distante das garotas da capa da Capricho. Para mim, autoestima em relação a aparência e beleza foi uma coisa que demorou um tempão para surgir.

Hoje, mesmo de bem (e muito feliz, diga-se de passagem) com a minha herança genética, as questões são outras. Por ser baixinha e mignon, sempre tive muita dificuldade para achar roupas sem ser nas araras de lojas para adolescentes – alôôô tenho 32 anos, como faz? São poucos modelos de óculos que ficam bem porque a armação se apoia na maçã do rosto antes de encostar no nariz, botas de cano alto ficam apertadas na panturrilha, maquiadores não sabem o que fazer com a falta de côncavo dos olhos – e ainda já ouvi desaforos do tipo: “não vou fazer o gatinho com o delineador porque seu olho vai ficar puxado DEMAIS” ou “vou tentar dar uma arredondada nos seus olhos”… Só seria pior se eu calçasse 33.

No Japão, além de finalmente encontrar roupas que caem bem sem ter que recorrer a uma costureira, vi que podemos adotar uma relação diferente com moda e estilo, livre das amarras (e dos desconfortos) das tendências ocidentais. Neste texto cheguei a comentar o que aprendi observando o estilo das mulheres japonesas, coisa que me fez repensar sobre meu próprio estilo.

Bendito post! Por causa dele, surgiu na minha caixa de mensagens um email da Clélia Midori, fundadora do Estilo Mid. Ela, que na época trabalhava numa pesquisa super interessante para sua pós-graduação, queria conversar comigo sobre o Japão, as japonesas, cultura, moda e beleza. Mas, ao final do nosso primeiro café, quem saiu abastecida de novas informações fui eu!

A Clélia já atuava como consultora de imagem e estilo quando, influenciada pela sua metade genética japonesa, decidiu estudar mais a fundo a necessidade das descendentes de orientais no Brasil, principalmente das nikkeis. A partir de todo o conhecimento que juntou sobre a mulher japonesa e a nikkei brasileira, ela desenvolveu um serviço especial de consultoria de imagem para as descendentes. Olhem que bacana o vídeo de apresentação:

https://youtu.be/9UtrYwlwb4s

Confesso que fiquei fascinada pelo seu trabalho e pelas suas descobertas primeiro porque, diferente do que eu imaginava, o serviço de consultoria de imagem vai muito além de algo construído com base no marketing pessoal e não tem nada a ver com consumo desenfreado de roupas. Segundo porque sua pesquisa com descendentes de japoneses apresentava questões e problemáticas muito parecidas com as que eu vivenciava.

Uma das coisas que mais me interessou nesse serviço é que não é só a aparência e o tipo físico que importam. Que tipo de emprego temos, como é o nosso dia-a-dia, quais os nossos sonhos e aspirações (simmm, muitas questões psicológicas e até filosóficas!)… tudo isso é levado em conta para chegar numa proposta personalizada, que nos orientará na escolha de roupas, acessórios, corte e cor de cabelo, maquiagem e até cor de esmalte! O intuito não é impor um determinado estilo, mas trabalhar com o jeito e personalidade de cada pessoa. Seguindo essas orientações, o resultado vem naturalmente. Fiquei chocada, por exemplo, quando ela me disse que mudando o tom do cabelo, alguém pode atrair mais clientes!

Foi a partir dos papos com a consultora que vi que a relação que temos com estilo e beleza pode refletir enormemente na nossa autoestima e, consequentemente, em mil aspectos da vida. E percebi que a falta de produtos que atendessem às minhas necessidades me fizeram me conformar com o que eu encontrava por aí, muitas vezes gastando dinheiro onde não precisava. Quantas vezes já não comprei roupas pelo simples fato de me servirem – mas que não tinham NADA a ver comigo (tipo um vestido bandage preto justérrimo com barra de babado – OI? rs) – e que acabaram indo parar no fundo do armário? Vestir PP e 34 no país das popozudas não é fácil.

Curiosa para saber como me arrumar seguindo a minha personalidade e meu biotipo, levando em consideração as deficiências do mercado e meu ideal de fazer o armário caber dentro de uma mala de viagens, aceitei com a maior alegria o convite de passar por sua consultoria. Todo o processo envolve as etapas de coloração pessoal, visagismo, análise da silhueta, análise de estilo, consultoria de perfume (feita com base numa leitura semiótica!) e análise do guarda-roupa.

A fase de coloração pessoal é super interessante pois identifica a cartela de cores que mais ressaltam a beleza natural de cada pessoa, conforme o subtom da pele. As cores “erradas”, chegam a acentuar manchas, palidez e olheiras. Estava super curiosa para descobrir qual é a minha cartela pois tem vezes que eu só percebo que determinadas cores não me caem bem depois que me vejo em vídeos e acho que estou mais pálida que a Mortícia.

Ansiosa para conhecer a minha cartela!

Olhem que lindas as cartelas! E super práticas de carregar na bolsa 🙂

São 64 cores em cada uma das 12 cartelas, que se baseiam nas estações do ano e em quatro características: escuro, claro, brilhante e suave. As cartelas ajudam na hora de escolher roupas (partes de cima, pois são peças que ficam mais próximas ao rosto), acessórios, maquiagem e esmaltes. De acordo com a pesquisa da consultora, os nikkeis tendem a ficar melhor com cores frias, principalmente com as cores das cartelas de inverno.

Minha cartela saiu um pouco da curva pois é a “verão frio” – o que me deixou feliz pois vi o quão individualizado é o trabalho.

Para quem tem um armário dominado pelos brancos, cinzas e pretos, ver tantas cores assim me pareceu um desafio! Mas o objetivo da orientação pela cartela não é de impor uma renovação de guarda-roupa e muito menos uma mudança de estilo. O que a Clélia me sugeriu foi de apostar em acessórios e em batons que sigam essas cores – coisa que já adotei!

Para interessadas e interessados, ela sempre posta uns vídeos super instrutivos no stories do Instagram: @estilomidconsult. A Clélia atende em São Paulo e se quiser falar diretamente com ela é só mandar uma mensagem para: contato@estilomid.com.br. Ah, ela atende homens, mulheres, nikkeis, não-nikkeis – seus serviços são para todxs! Outra coisa bacana é que ela mesma desenvolveu o material de cartelas e tecidos para sua outra empresa, a Mood Color, que presta assessoria para consultoras de imagens.

E o melhor de tudo é que leitoras e leitores do Peach no Japão vão ter desconto nos serviços do Estilo MID! Ao entrar em contato pelos canais acima, basta mencionar o código #presenteMID&PEACH! Presentão, hein! Vale para todos os perfis, não só para nikkeis.

Este post ficou muito maior do que eu esperava – e olha que ainda tenho mais coisas para falar sobre o assunto! Mas acho que isso mostra o quanto estou animada com esse processo e feliz de ter conhecido a lindeza que é a Clélia, que trouxe cores para a minha vida!