Na hora de encarar o vestibular, uma entrevista de trabalho, uma competição ou um problema, o que mais desejamos aos outros é “boa sorte”, não é? Isso sai da nossa boca de um jeito tão automático que talvez a gente nem pare pra pensar, mas, de um certo modo, esperamos que os fatores externos, sejam os ventos ou as energias do universo, confluam de um jeito que favoreça o destino de quem tem um desafio pela frente.

Nessas mesmas situações, os japoneses dizem: ganbatte! (頑張って), flexão do verbo ganbaru. Assim como “boa sorte”, é uma expressão de encorajamento, um jeito de dar uma força e esperar pelo melhor. Ao pé da letra, porém, ela significa algo como: “faça o seu melhor”, “dê o melhor de si”, “esforce-se ao máximo”. Podemos também usá-la na primeira pessoa: ganbarimasu, como quem diz “vou dar o melhor de mim”.

Essas expressões fazem parte do dia-a-dia dos japoneses e acabam refletindo um aspecto cultural muito forte do país: enquanto a gente pede para que os ventos soprem na nossa direção pra dar uma ajudinha, os japoneses são encorajados a contar só com a própria capacidade para lidar com desafios e dificuldades. Mas, se algo não vai conforme esperado, não tem como culpar a falta de sorte ou a direção do vento – e o peso de não ter conseguido contornar a situação pode ser maior ainda.

Esse artigo do Japan Times abre uma discussão bastante interessante sobre os aspectos negativos do “ganbarismo”, como alguns mencionam nos comentários. O ponto-de-vista de pessoas de diferentes origens me faz pensar que não tem certo ou errado, jeito melhor ou pior. Cada cultura tem suas particularidades e de cada uma conseguimos extrair aprendizados muito bacanas.

A “cultura do ganbaru“, no entanto, não anula a crença na sorte. Os japoneses possuem mil e uma superstições e rituais para afastar mau agouro e atrair a boa sorte, traduzida como un (運). O maneki neko, por exemplo, o famoso gatinho que fica com a pata levantada, é colocado na entrada de lojas para atrair clientes e fortuna.