Por causa de um projeto (diga-se de passagem, incrível) que surgiu, passei a pesquisar mais sobre o xintoísmo, que, junto com o budismo, formam a base da espiritualidade dos japoneses. Assim, comecei a entender o significado de muita coisa que, antes, confesso que passava batido.

Em santuários xintoístas (aprendi com o Roberto Maxwell que a terminologia correta é: “santuário” quando falamos de xintoísmo e “templo” se o recinto for budista), estão presentes diversos elementos com simbologias muito interessantes. Um deles é o shimenawa, corda feita de palha que, a princípio, parece ter efeitos meramente decorativos.

Foto: Spinster Cardigan/Creative Commons

O shimenawa, na verdade, é usado para purificar, atrair divindades e demarcar territórios sagrados. Quando está amarrado no tronco de uma árvore, indica que se trata de uma árvore sagrada, pois nela habita um kodama.

Essa árvore do Monte Kurama, em Kyoto, era tão grande e imponente, que mal cabia no enquadramento

Kodama, na crença xintoísta, é o espírito que protege as florestas, atuando como um guardião da natureza. Ele habita em árvores antigas e imponentes, e costuma vaguear livremente pelas montanhas. Derrubar uma árvore que abriga esse espírito seria uma agressão grave à natureza e, nesse caso, toda a aldeia estaria sujeita à maldição do kodama.

Sua forma física é incerta, mas uma de suas representações mais famosas são essas criaturinhas fofas e um pouco assustadoras que aparecem na animação Princesa Mononoke, do Studio Ghibli:

Agora você já sabe: se avistar uma árvore demarcada com o shimenawa, pode ter certeza de que se trata de uma região protegida pelo kodama. 😉

Se curtiu esse assunto, confere também este post em que falo sobre a produção de saquê e a relação dos japoneses com a natureza.