Logo na minha segunda semana no Japão, aconteceu uma coisa muito chata comigo dentro de um trem lotado. A história toda eu contei neste post. Infelizmente, isso é comum. Os caras se aproveitam da falta de espaço (até mesmo para respirar) para poder encoxar e apalpar as mulheres. Sei de outras três histórias que aconteceram com garotas da escola onde estudei e, contando com o meu caso, nenhuma soube como reagir. Ou pior, nenhuma soube reagir. A gente sempre pensa que vai gritar, que vai virar e dar um tapa no imbecil, que vai armar um barraco. Mas quando a coisa realmente acontece, você desacredita que aquilo esteja acontecendo. E, estando num país onde a cultura, as regras e os códigos são diferentes, saber como reagir é mais difícil ainda.

Uma japonesa de 17 anos, depois de ter sofrido inúmeros assédios como esses, decidiu criar com sua mãe um broche que estampava uma mensagem: não toleraria abusos dos molestadores (chikan, em japonês).

A ideia deu tão certo que a associação Chikan Yokushi Katsudo Center, que desenvolve medidas para coibir a ação dos pervertidos, lançou duas campanhas no final de 2015: uma de financiamento coletivo para levantar os fundos para a produção dos broches e outra convocando designers para criarem o desenho dos modelos.

Em três meses, foram arrecadados cerca de 19 mil dólares e 441 propostas de design para os acessórios

Foram escolhidos os cinco modelos da foto para serem produzidos e, desde o final de janeiro deste ano, eles são vendidos por cerca de 400 ienes, menos de 4 dólares. Coloridos e com bichinhos, o curioso é que os bottons parecem ser bem fofos. Mas os alertas dizem: “Não vamos tolerar. Molestar é crime”

O resultado, ao menos para a idealizadora do projeto, é que ela nunca mais foi assediada depois que passou a usar o broche preso na mochila.