Depois de mais de dois anos com as fronteiras fechadas, o Japão finalmente passou a receber turistas independentes em outubro de 2022!

Quer aproveitar para tirar do papel a tão sonhada viagem, mas não sabe nem por onde começar? Compilei aqui algumas dicas práticas que vão te ajudar nos preparativos.

Quais são os protocolos de COVID exigidos para entrar no Japão?

ATUALIZAÇÃO: Desde 29 de abril de 2023 o Japão deixou de exigir comprovação de vacinas ou teste negativo antes do embarque! A página Visit Japan poderá ser usada para agilizar o processo de alfândega, imigração e tax free.

Quais são as principais rotas de voos para chegar no Japão?

Prepare-se para ficar, pelo menos, cerca de 24 horas dentro do avião, mais umas horinhas no aeroporto para fazer a conexão, já que não existem voos diretos para o Japão. As rotas mais comuns são via Europa, Estados Unidos (requer o visto americano), Emirados Árabes e Qatar. Mas muitas outras rotas são possíveis – vai depender da companhia aérea. Gosto bastante de voar pela Emirates (quem não gosta? hehe) e pela Swiss, que têm ótimos serviços de bordo. 

Sobre o tempo de conexão, acho que 3 horas é o ideal para não ter que fazer a troca de aviões correndo. Levem em consideração que, em aeroportos grandes, os terminais podem ser bem distantes uns dos outros, sendo necessário até mesmo pegar um trem interno para se deslocar entre os portões, fora o tempo que se leva para passar pela imigração.

Quais são os principais aeroportos de Tóquio?

Existem dois aeroportos nas proximidades de Tóquio: Narita, a 70km do centro, e Haneda, a cerca de 20km. Ou seja, se chegar por Haneda, o deslocamento até a sua hospedagem vai ser mais rápido e barato. Porém, nem sempre isso é possível pois a maioria das companhias internacionais aterrissam em Narita – o que não é um problema, pois existem muitas formas de chegar à região central da metrópole. Outros aeroportos internacionais do Japão são o de Osaka e o de Nagoia.

Brasileiros precisam de visto para entrar no Japão a turismo?

ATUALIZAÇÃO: Desde 30 de setembro de 2023, brasileiros não precisam mais de visto para entrar no Japão a turismo, com limite de duração de viagem de até 90 dias, desde que o passaporte seja com chip (padrão IC, o passaporte eletrônico que é emitido no Brasil desde 2010).

Se, por acaso, o seu passaporte não for desse modelo atual, será necessário obter o visto. Entre no site do Consulado do Japão que atenda a sua jurisdição para se informar do procedimento.

Aos portadores de passaporte europeu: cidadãos da grande maioria dos países da Europa também não precisam de visto para entrar no Japão. Veja a relação completa de países isentos aqui: https://www.mofa.go.jp/j_info/visit/visa/short/novisa.html#list 

Qual a melhor época para ir ao Japão?

Cada estação vai te mostrar um Japão diferente, tanto no clima, quanto no visual, na culinária, e nas atrações. Eu, particularmente, gosto muito do outono e da primavera por conta da transformação da natureza. 

  • Primavera no Japão

Hanami no parque Shinjuku Gyoen, um dos parques mais bonitos de Tóquio

A primavera, como todos sabem, oferece um grande atrativo: o florescimento das cerejeiras, que é realmente muito lindo de acompanhar. Se interessar, escrevi sobre o ritual do hanami (o ato de contemplar flores) neste post e neste post. Mas tem um detalhe sobre esse período: não basta chegar em qualquer momento da primavera que o país inteiro estará florido. A floração das cerejeiras começa no fim de março nas regiões mais quentes, como Tóquio e Kyoto, e vai subindo rumo às áreas mais frias. As árvores ficam floridas por cerca de semanas, não durante toda a estação. Por isso, antes de comprar passagem e de definir o roteiro, é importante conferir o calendário de floração das cerejeiras em sites como o Japan Guide, tendo em mente que ano a ano a florada pode se adiantar ou atrasar… Tudo fica a critério da natureza!

A floração das cerejeiras atrai muitos turistas e faz com que os residentes também viajem pelo país. Então, nesse eixo Tóquio-Kyoto-Osaka-Hiroshima, fim de março a meados de abril é altíssima temporada, o que faz com que tudo fique mais lotado, de hotéis a atrações turísticas. Por conta da demanda, as hospedagens vão estar mais caras no período. É importante se planejar bem e com antecedência.

  • Verão no Japão

Dançando com a minha amiga Bruna Luise em matsuri em Shimokitazawa, 2019 (Foto: Gerald F @geraldflf)

O verão japonês, com picos em julho e agosto, é surreal de quente. As temperaturas beiram fácil 40 graus e o nível de umidade é altíssimo! Haja lencinho para enxugar o suor. A sensação é de estar numa sauna constantemente e corre o risco de você não querer sair nunca mais dos ambientes com ar-condicionado. Com tendência a ter pressão baixa, eu sofro um pouco nessa estação.

Nessa época, também há risco de pegar semanas de chuva intensa (“tsuyu”), principalmente entre fim de maio e o mês de junho, ou ainda tufões, muito comuns de julho a meados de outubro. Dependendo da intensidade e da rota do tufão, além de dias de muita chuva e vento, os transportes (trens e vôos) podem ser suspensos, atrapalhando os seus planos de viagem. 

Se esse período for o único possível para você viajar para cá, pelo menos, conforta saber que é uma época em que os matsuri se intensificam. Matsuri são festivais de rua, geralmente promovidos por santuários xintoístas, templos budistas ou associações de bairros, onde podemos acompanhar procissões, comer muuitos quitutes típicos, ouvir música, assistir danças e ver queimas de fogos chamadas de hanabi. D

Outro motivo para ir ao Japão durante o verão é poder escalar o o maior ícone do país. A temporada oficial de escalada do Monte Fuji fica aberta somente entre julho a início de setembro, os mais quentes do ano. Fora de época, não é aconselhável se aventurar pela montanha por conta das temperaturas baixíssimas. Se quiser saber as minhas dicas para a escalada, clica aqui

  • Outono no Japão

Trilha de Senjogahara, em Nikko, durante o outono. Que cores são essas? 🙂

É minha estação preferida pois adoro ver a coloração das folhas mudar. É lindo ver tudo em tons de vermelho, amarelo e laranja. Fora que as temperaturas são mais amenas e é possível bater perna e turistar sem sentir nenhum mal-estar. Assim como a floração das cerejeiras, o fenômeno “koyo”, que pinta o Japão de norte a sul, tem período certo para acontecer. Começa nas regiões mais frias e vai avançando às cidades mais quentes. Em Tóquio e Kyoto, normalmente vemos as folhagens nesses tons de meados ou fim de novembro até começo ou meados de dezembro, dependendo do ano.

Atenção: De julho até meados de outubro ainda se corre o risco de pegar tufões (como comentado anteriormente, lá na parte do verão), que, dependendo da intensidade, fazem o comércio fechar e nos obrigam a ficar quietinhos em um lugar seguro e podem fazer com que os trens sejam suspensos por um ou mais dias. Mas se pegar um dia desses, tenha certeza de que o dia seguinte será um dia lindo, de céu azul, com grandes chances de ver o Monte Fuji, mesmo estando na capital.

  • Inverno no Japão

Dia de rara nevasca em Tóquio, em janeiro de 2022

O inverno em Tóquio até que não é tão terrível, com a mínima em torno de zero. Tendo um bom casaco, segunda pele, luvas, gorro, cachecol e botas com solado que não escorregue na neve, fica tranquilo de encarar. Se precisar, é só correr para alguma loja da Uniqlo para comprar roupas térmicas, feitas de tecidos inteligentes que aquecem, mas que não pesam. Ter aquecedor onde você vai se hospedar é imprescindível, já que a maioria das construções não conta com isolamento térmico – a maior queixa dos meus amigos da Suécia, Holanda, Noruega. Eu, como nunca fui acostumada com isso, me contento com aquecedores instalados no quarto, que geralmente funcionam também como ar condicionado nos dias quentes.

Os amantes de esportes de neve devem considerar uma passada pela região de Nagano ou Hokkaido, a ilha que fica ao norte do arquipélago japonês. Hokkaido também é conhecido pelo Snow Festival, que rola em Sapporo no mês de fevereiro.

Quem gosta de iluminações natalinas, vai poder curtir o que os japoneses chamam de イルミネーション (lê-se irumineeshon, do inglês illumination). Não vá esperando meras cordas de luzinhas piscando em volta das árvores, pois, nesse quesito, os japoneses não estão pra brincadeira!! Mais informações aqui.

Quando não ir ao Japão?

Evitem ir durante a Golden Week (de 29 de abril a 5 de maio), um dos pouquíssimos feriados prolongados do Japão, em que os locais aproveitam para turistar pelo país inteiro. Tudo fica muito mais cheio e mais caro. Se não tiver jeito, recomendo passar o período em Tóquio e evitar viagens para outras cidades no período.

Já no período do ano novo, entre 28 ou 29 de dezembro a mais ou menos 3 ou 4 de janeiro, o comércio, museus, restaurantes, jardins e outras atrações tendem a fechar. Então verifiquem com antecedência no site de cada lugar para ver se estarão abertos. Mas se quiser passar a virada do ano no Japão, recomendo passar esse período mais crítico em lugares na natureza, como Hakone ou Kawaguchiko, porque as grandes cidades vão estar com muitos lugares fechados.

O que é o JR Pass?

ATUALIZAÇÃO: O JR Pass sofreu um aumento substancial em outubro de 2023. Mais informações aqui.

O JR Pass é um passe de trem da JR – Japan Railways, a maior companhia de trens do Japão. Com ele, você tem acesso ilimitado a viagens em quase todos os trens da companhia (incluindo os trens-bala), alguns ônibus locais e a balsa para Miyajima, que também são operados pela JR. O passe tem a validade de 7, 14 ou 21 dias, contados a partir do dia da primeira viagem.

Detalhe importante: só quem vai com visto de turista pode comprar o JR Pass. Se você vai com visto de estudos, trabalho ou qualquer outro visto especial, infelizmente você não poderá aproveitar esse benefício.

Após o aumento, o passe de 7 dias passa a custar a partir de ¥50.000 – um valor bem alto, que vai fazer com que essa opção perca a popularidade entre viajantes. Dificilmente esse valor vai fazer o JR Pass valer a pena.

SUICA e Pasmo: como funcionam os IC Cards, os cartões de pagamento de transportes no Japão?

Os IC Cards vão facilitar MUITO os seus deslocamentos pelo Japão. Existe a versão física e a versão mobile no Wallet do Iphone. Como obter, como usar, e outros detalhes estão neste post dedicado ao assunto.

Onde se hospedar em Tóquio?

Um fator crucial ao escolher hospedagem é pensar em função dos trens e metrôs, que são as melhores formas de se deslocar pela capital do Japão. É bom verificar quanto tempo se leva para chegar até a estação mais próxima (até 5 minutos de caminhada, para os padrões de Tóquio, é maravilhoso), além de checar quantas e quais linhas você terá por perto. A linha de trem Yamanote da JR é a linha circular, que passa por muitos pontos interessantes da cidade. Também recomendo usar a rede de metrô, que é excelente.

Geralmente, quem visita outras cidades além de Tóquio acaba ficando com um tempo limitado na capital. Como a estação de Shinjuku concentra várias linhas importantes, ficar pela região pode parecer muito prático, porém, encarar a maior estação do Japão pode ser um tremendo desafio. Eu prefiro não depender desses grandes hubs como Shinjuku e Shibuya, por exemplo, porque enfrentar uma estação enorme todos os dias pode fazer a gente perder bastante tempo só tentando achar a plataforma do trem que queremos pegar – isso acontece até mesmo com quem mora na cidade já há um certo tempo.

Para turistas, ficar por Ginza também é bem prático. Lá tem uma boa oferta de hotéis, além de comércio e restaurantes. Outra estação que acho bacana, sem tantas opções de hospedagem (e sem tantos turistas), mas com uma ótima variedade de restaurantes e bares, e bem conectada a pontos interessantes de Tóquio é Ebisu. E uma estação que tem poucas opções de hotéis, mas que acho super charmosa, é Gaienmae, perto da região de Aoyama e Harajuku. Se preferir ficar perto dos museus de Roppongi, o entorno da estação de metrô Akasaka-Mitsuke também pode ser uma boa. 

Para quem quer um clima mais local e tem espírito mais desbravador, pode considerar ficar perto de Kanda station.

Quanto vou gastar por dia no Japão?

Isso é muito relativo, pois depende do estilo de cada um. Tirando a hospedagem, pode variar algo entre 5 mil (nível ultra econômico) a 10 mil ienes (budget mais confortável), para mais.

Vamos a alguns valores médios praticados em Tóquio:

  • Almoço em restaurante (“lunch menu”): ¥1000 – ¥1500
  • Café expresso: ¥400
  • Prato pronto em loja de conveniência: ~¥600
  • Cerveja em bares, restaurantes ou izakayas: ¥500, ¥600
  • Jantar em izakaya incluindo umas bebidinhas: a partir de ~¥4000
  • Entradas em museus, jardins e outras atrações: de ¥300 a ¥2000 
  • Deslocamentos de trem/metrô: a partir de ¥170

Hospedagem em ryokan: o que é? 

Hospedar-se num ryokan é mais do que aconselhável se você quiser vivenciar aquilo que temos em mente do que é “tipicamente japonês” ou, talvez, o Japão de tempos passados. Trata-se de um tipo de acomodação que combina elementos tradicionais: ficar em quartos com piso de tatami, dormir no futon no chão, e não em camas, experimentar refeições servidas de um jeito maravilhoso e preparadas com os ingredientes locais e da estação, além de perambular por todo os recintos do ryokan vestindo um yukata (um kimono mais levinho, feito de algodão). Há muita oferta de ryokan em cidades de águas termais, os chamados onsen, outra experiência típica imperdível! Mais informações sobre onsen aqui. Omotenashi, espírito de hospitalidade dos japoneses, é a palavra de ordem.

Pontos de atenção sobre hospedar-se num ryokan:

  1. Se você tem problema de coluna, dor nas costas ou restrições de mobilidade, dormir em um futon no chão pode não ser a coisa mais confortável do mundo. Alguns ryokans mais modernos oferecem quartos com camas, no estilo ocidental. Pesquise por “western rooms”.
  2. É importantíssimo respeitar os horários e as regras do ryokan. Os jantares são servidos cedo, geralmente num intervalo entre 17h30 e 19h, dependendo do estabelecimento. O cliente escolhe em qual horário vai querer ser servido e o staff vai tomar todas as providências para que, naquela hora, a refeição esteja pronta para ser degustada. Se o cliente vai dar um rolê pela cidade e se atrasa para o jantar, a comida já não vai estar no melhor estado, pelo menos não para os padrões japoneses de atenção, cuidado e refinamento. São horas de preparo e de dedicação. Então acaba sendo frustrante para o ryokan não poder servir a refeição da forma que havia planejado.
Refeição no estilo kaiseki servida no ryokan onde me hospedei em Kamikochi

Se procura uma orientação mais personalizada, que tal conferir o meu serviço de consultoria de viagem ao Japão? Resolvo dúvidas práticas, analiso ou monto seu roteiro e faço uma curadoria especial dos lugares que venho desbravando por aqui, nos últimos anos! 😉