Essa semana fui jantar na casa de um casal de amigos e, no meio da conversa, toca a campainha. Quem era? O pai do Tengo!

Ok, pra quem não leu 1Q84, a trilogia-best-seller do Murakami, o pai do personagem principal é um cobrador aposentado da NHK, emissora pública de tv japonesa. No livro, o trabalho do pai de Tengo era bater de porta em porta para cobrar dos moradores uma taxa referente à recepção do sinal da NHK.

Tendo em mente que a história se passa na década de 80 e que esse personagem já está aposentado, pensava que esse sistema de cobrança era uma coisa antiga. Só que nesse dia, no meio do jantar, descobri que não. Fiquei chocada em ver que o Japão trabalha com um sistema de arrecadação porta-a-porta, entre outras formas, para manter a principal emissora do país.

Essa taxa é a principal fonte de arrecadação da NHK pois não obtém dinheiro com publicidade, na tentativa de se manter uma tv imparcial. Mas, claro, a gente sabe que imparcialidade não é um dos principais atributos da combinação governo + mídia.

Para quem quiser ler mais a respeito, encontrei esse trabalho acadêmico de uma ex-diretora de programas da NHK. Na página 7, em “A Manipulação”, a autora conta como a emissora chegou a sugerir aos casais para que tivessem mais filhos, já que o envelhecimento da população é uma questão enfrentada pelo governo.

E, para quem quiser ler mais sobre essa taxa, tem tudo explicadinho aqui, no site deles.