Sim, MANNERS, em inglês, destacado em negrito.

Um princípio básico para se entender muitas questões aqui no Japão é que japoneses evitam, acima de tudo, confronto. Isso rege as relações sociais e o comportamento das pessoas em ambientes públicos na maior parte do tempo (com exceção do happy hour, em que REALMENTE enchem a cara e ficam mais soltinhos). Com isso, a gente consegue entender a obediência irrestrita às regras, que os torna extremamente organizados, solícitos e pontuais, por exemplo. O pensamento no coletivo, e não no individual, impera.

Muitos dos valores da filosofia que orientava os samurais, o Bushido (“o caminho do guerreiro”), permanecem até hoje. O Bushido, por sua vez, foi influenciado pelo Budismo Zen, que trouxe calma, paciência e auto-controle para os japoneses, e pelo Confucionismo, que ressaltava as relações interpessoais como base da sociedade. Duas questões são importantes: o respeito pelos ancestrais e superiores, e humildade perante os subordinados.

Fotografei o cartaz de “manners” em uma estação de metrô e, a princípio, me pareceu um pouco ofensivo ter esse título em inglês, com os desenhos auto-explicativos. Mas entendo que os gaijins (vou tomar a liberdade de usar o plural) às vezes causam aqui, considerando o que são bons modos para os japoneses. Eles não comem nem bebem nada dentro do trem, não falam no celular andando na rua ou dentro dos vagões, não podem fumar na rua, a não ser que seja numa “smoking area” (mas, estranhamente, aqui existem os ambientes para fumantes dentro de restaurantes). Tudo para não incomodar os outros.

Inclusive, eles têm uma capacidade incrível de dormir no trem, ficar sacolejando a cabeça de lá pra cá o tempo todo, sem, em nenhum momento, encostar na pessoa do lado. É praticamente uma arte!